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Endodontia Guiada: Precisão Digital em Casos de Atresia Pós-Trauma

  • Foto do escritor: Paulo Castro
    Paulo Castro
  • 16 de out.
  • 2 min de leitura
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Os avanços da odontologia digital têm transformado o modo como tratamos canais radiculares complexos. Um dos melhores exemplos dessa evolução é a endodontia guiada, técnica que une tomografia computadorizada (CBCT) e escaneamento intraoral para planejar, com precisão milimétrica, o acesso à câmara pulpar e ao canal radicular — mesmo em casos onde o trajeto anatômico está obliterado.


O Caso Clínico


A paciente chegou ao consultório com histórico de trauma dental prévio em um incisivo central superior. Apesar de o dente manter sua forma e posição, apresentava escurecimento coronário e ausência de resposta aos testes de vitalidade pulpar, sinais clássicos de necrose.


Ao exame radiográfico inicial, observou-se atresia da câmara pulpar e do terço cervical do canal, consequência comum em dentes traumatizados, onde o processo de calcificação obliterante dificulta ou inviabiliza a localização manual do canal.


O Planejamento Digital


Optou-se pela técnica de endodontia guiada. O planejamento iniciou-se com a fusão de dois arquivos digitais:


A tomografia (CBCT), que forneceu a imagem volumétrica tridimensional da raiz e das estruturas periapicais.


O escaneamento intraoral, que representou com fidelidade as coroas e arcada dentária.


Esses dados foram importados para um software de planejamento 3D, permitindo a criação de um modelo virtual do dente e de sua anatomia interna presumida. A partir dessa simulação, foi traçado o trajeto ideal da broca de acesso, respeitando a curvatura radicular e evitando desvios ou perfurações.


O guia cirúrgico — semelhante aos utilizados em implantodontia — foi então impresso em resina, com tubos direcionadores que orientaram a broca em posição e profundidade exatas.


A Execução Clínica


Com o guia posicionado sobre o dente, o acesso foi realizado sob magnificação microscópica. Em poucos minutos, foi possível atingir o canal radicular com segurança e mínima remoção de dentina, mantendo a integridade estrutural da raiz.


Após o preparo químico-mecânico convencional e irrigação ativa, o canal foi obturado com técnica termoplástica, garantindo o selamento tridimensional.


Resultado e Prognóstico


O pós-operatório foi sem intercorrências. O controle radiográfico demonstrou preenchimento adequado e ausência de lacunas, com bom prognóstico de cicatrização periapical.


O caso reforça como a integração entre tecnologia digital e microscopia eleva o padrão de previsibilidade e segurança em endodontia — especialmente em situações desafiadoras, como dentes com calcificações, atresias e histórico de trauma.


Conclusão


A endodontia guiada representa o futuro do tratamento conservador de dentes comprometidos pela calcificação pós-traumática. Planejamento preciso, execução minimamente invasiva e resultados previsíveis são hoje uma realidade acessível graças à integração entre CBCT, escaneamento intraoral e impressão 3D.

 
 
 

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